sexta-feira, 6 de novembro de 2009

Sontag: Notas sobre Camp

Recorte de alguns comentários sobre o texto "Notas sobre Camp" de Susan Sontag

Esses recortes foram tirados (internet) de outros artigos, textos, teses que citam Sontag fazendo referência ao "Notas sobre Camp".

"Diferente do dândi excessivamente cultivado do século XIX, com seu congenial apreço por sensações raras, não contaminadas pelo espectro do gosto plebeu, o conhecedor do camp havia aprendido a desfrutar de “prazeres mais criativos” – “Não na poesia latina e nos vinhos raros e nos casacos de veludo, mas nos prazeres mais rudes, mais comuns, nas artes das massas. O simples uso não corrompe os objetos de seu prazer, desde que ele aprenda a possuí-lo de uma maneira rara” (333).
(EcoPos2003)

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"Uma produção dessa natureza estaria em consonância com as demandas pela formação de novas sensibilidades, arriscadas por Susan Sontag em suas “Notas sobre Camp”. O sentido dessa (nova) arte é exatamente não ser arte, do ponto de vista tradicional. É pôr em relevo aquilo que a grande arte exila – a cultura de massa e a baixa literatura. É evidenciar a sensação no lugar do sentimento, trazendo o corpo para a cena aberta, em vez de reverenciar o espírito. Em suma, trata-se de uma arte social na medida em que é uma arte socializada, pois seus pontos vitais emergem das ruas."
(http://www.confrariadovento.com/revista/numero9/ensaio04.htm)

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"Sontag propõe uma nova atitude para com o prazer, que supere o "aparente anti-hedonismo da arte contemporânea"

A sensibilidade se aproxima da noção de gosto ou "camp", conforme a análise de Sontag. O camp costuma ser ignorado ou diminuído em interpretações que se auto-proclamam científicas, o que é um pressuposto equivocado, pois elas ignoram que o gosto, quando circunscrito a uma lógica e enquadrado por um sistema, solidifica-se numa idéia. O camp interage em movimentos de duplo sentido, dupla interpretação, "com um significado espirituoso para entendidos e outro, mais impessoal, para leigos." O camp rejeita a seriedade tradicional, mas, ao mesmo tempo, se propõe sério, embora não o seja totalmente.

"A questão fundamental do Camp é destronar o sério. O camp é jocoso, anti-sério. Mais precisamente, o camp envolve uma nova e mais complexa relação com o `sério'. Pode-se ser sério a respeito do frívolo, e frívolo a respeito do sério."

Para Sontag, o camp funciona com um solvente da moralidade. Suas experiências baseiam-se na grande descoberta de que a sensibilidade da cultura erudita não detém o monopólio do refinamento. Existe bom gosto no camp, e esta descoberta pode ser liberadora. O camp se identifica com o prazer, quer divertir, é generoso, terno e "bom para a digestão.""
(http://bocc.ubi.pt/pag/pena-felipe-tv-universitaria.html)

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"...definida por Susan Sontag em Notas sobre o camp. O camp seria, de acordo com a autora, marcado pela “extravagância” (SONTAG, 1997, p. 327). E sua fruição ligada principalmente a uma representação performática, uma visão do mundo “em termos de estilo – mas um estilo peculiar. É uma predileção pelo exagerado, por aquilo que está ‘fora’, por coisas que não são o que são” (SONTAG, 1997, p. 322).

O Camp pode ser definido como uma estética identificada com a performatividade e com a falta de atenção aos conceitos morais e éticos. Essa estética não prega a quebra destes conceitos ou a substituição de uma perspectiva por outra oposta, preferindo se manter neutra em relação às discussões em torno do sentido ou da legitimação de sua arte. Algumas visões mais recentes identificam o Camp como uma estética fundamentalmente gay, ao passo que a obra de Susan Sontag colocava a sensibilidade gay como uma das possibilidades do camp (SONTAG, 1997, p. 335). E não podemos deixar de apontar, principalmente, para a questão temporal. A análise de Susan Sontag, publicada pela primeira vez em 1964, insere-se em uma época onde as lutas em torno dos direitos da mulher e do respeito à diferença estavam em destaque. Dotada de um certo romantismo na luta pelos direitos civis, representados em grande parte pelo movimento hippie, mostra-se, apesar dessa inocência percebida em algumas reivindicações do período, irônica e dotada de um cinismo diante destas possibilidades. Esse tom pode ser evidência também de um falso moralismo presente em determinados movimentos como o evidenciado acima, pois no final da década de sessenta muitas falhas em torno das contraculturas jovens foram percebidas, e os indivíduos não se sentiam mais representados por fazerem parte, simplesmente, de um grupo de jovens. Essas falhas já eram destacadas e levadas em consideração, e o resultado foi uma adoção de padrões diferentes dos em voga nas contraculturas de então, anunciados por textos como o de Sontag. Uma dessas reações foi percebida entre as mulheres, que se revoltaram em 1969, pois além do machismo encontrado na cultura hegemônica, perceberam que a própria cultura hippie apresentava um teor machista. “No vernáculo hippie, os homens normalmente se referiam às suas parceiras como suas ‘velhas’, e chamavam a prática de ter muitas parceiras de ‘dividir as mulheres’” (GOFFMAN, JOY, 2007, p. 327).

Apesar de não nos aprofundarmos nesse assunto,concordamos que os anseios de transformação calcados em ideais puristas não poderiam refletir necessariamente as ansiedades de então."

(http://www.bdtd.ufpe.br/tedeSimplificado//tde_busca/arquivo.php?codArquivo=6130)


Um comentário:

  1. São bons os seus comentários. A seleção de fragmentos é muito interessante.

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